O orientador é o responsável por guiar e auxiliar o treinamento em pesquisa de alunos em diversos níveis, e.g., mestrado e doutorado. Essa é uma tarefa desafiadora que deve formar o aluno, facilitar seu entendimento sobre as bases da ciência e gerar conhecimento.
Entretanto, não existe uma fórmula mágica. Cada orientação é única. A relação entre o orientador e o aluno envolve diversos fatores de ambas as partes, tais como: background, desejos, expectativas e motivação. Em razão disso, a orientação é um processo personalizado, ou seja, um orientador se comporta de maneira diferente mesmo entre seus alunos.
São vários os estilos de orientação. Existe orientador que sempre está presente, e o que nunca aparece; tem o orientador experiente, e até, o marinheiro de primeira viagem; tem o orientador inseguro, e também, aquele que sempre tem uma opinião precisa sobre os próximos passos. A lista é vasta…

Tomando como base minha experiência, elenquei alguns tipos de orientador. Está é uma lista particular que não tem a pretensão de ser exaustiva. Mas, pode ajudar a identificar algumas características desejáveis ou não do seu (futuro) orientador, e também, pode servir para que você saiba que não está só.
Fantasma
Esse orientador nunca aparece, logo não faz ideia das questões de pesquisa que o aluno está desbravando. Esse tipo também é conhecido como orientador tartaruga, pois põe os ovos na praia (ou seja, aceita os alunos sob sua tutela) e desaparece. Para alunos autônomos, esse tipo de orientador pode funcionar até o momento em que uma crise se avizinha (e tais momentos desafiadores sempre chegam). Mas, para os alunos que precisam de suporte com certa frequência, é, sem dúvida, um pesadelo, uma angústia.
Superstar
É uma estrela de grande magnitude. Encontros são raros. Uma vantagem é que esse tipo de orientador pode abrir portas no futuro e, também, facilitar a obtenção de recursos para o desenvolvimento da pesquisa. Por outro lado, não é incomum que os alunos sejam compelidos a realizar tarefas de ensino e tarefas administrativas para o orientador, em detrimento de sua pesquisa.
Sufocador
Esse orientador deseja saber, em detalhes, todos os passos dos alunos, dentro e fora do ambiente de pesquisa. É controlador e busca a vida dos alunos nas redes sociais. Vai todos os dias, de manhã e de tarde, verificar se o aluno está no laboratório. Cada reunião, em particular ou em grupo, é um processo inquisitório e exaustivo. Quando chega ao ponto de desprestigiar tudo o que o aluno apresenta, é um tormento.
Clone
Esse tipo de orientador deseja que o aluno seja sua réplica em relação à visão de mundo. Os alunos devem trabalhar para solidificar o que o orientador construiu e, assim, aumentar sua reputação. Um aluno muito “criativo” pode ser “podado”. Nesses casos, é comum verificar que a relação patrão-empregado permanece por muito tempo após a defesa.
Generalista
Esse orientador está disposto a “orientar” alunos em qualquer área do conhecimento; é o sabe-tudo. Qualquer tópico de pesquisa existente ou não nessa galáxia, ou em outra, é assunto do seu interesse. Além do mais, ele se acha o maior especialista no assunto, ou melhor, em qualquer assunto. Rapidamente, o aluno percebe que está órfão no tema escolhido.
Amigão
Esse orientador é, normalmente, presente, mas nunca dá uma crítica contundente. Sempre bonzinho, incapaz de desafiar o aluno, mesmo nas situações em que o aluno não cumpre as obrigações. Muitas vezes se mostra indiferente ao progresso na pesquisa, mas reforça o relacionamento pessoal.
Os orientadores são amálgamas das diferentes personas listadas acima, e de algumas não listadas. Independente do caso, o orientador deve enxergar que o aluno está em processo de treinamento para, em breve, se tornar um colega de profissão. Esse é um relacionamento profissional e, como tal, cada um deve ter seu papel claramente delimitado e seu trabalho respeitado.