Motivado por indicação de um revisor, li e sugiro a leitura de dois artigos interessantes que abordam a necessidade, ou não, de experimentação em ciência da computação, são eles: Experiments as Research Validation: Have We Gone Too Far? e Theory Without Experiments: Have We Gone Too Far?.
A ciência da computação é vasta e formada de várias subáreas, entre elas: teoria da computação, banco de dados, redes, engenharia de software, inteligência computacional e arquitetura. Como tal, encontrar uma metodologia universal para validar toda e qualquer pesquisa realizada na grande área parece-me utopia. <para quem leu os artigos listados no primeiro parágrafo> Entendo que o uso de experimentos não só ajudam, como não atrapalham; o problema é outro, pelo menos nas cercanias.
Decerto é que o foco da pesquisa, independente da subárea, deve estar na novidade e não apenas na precisão. Esse é um ponto importante pois é fácil encontrar artigos, ditos científicos que quando muito são tecnológicos, e até pesquisadores que justificam suas pesquisas pelo fato de terem encontrado uma boa precisão usando alguma medida. Vale salientar que a quantidade de medidas existentes é enorme e, derivado desse fato, encontrar pelo menos uma medida que justifique o modelo proposto pode ser questão de paciência. Veja esse artigo que lista mais de 30 medidas comumente usadas na área de mineração de dados.
Pesquisas dessa natureza muitas vezes se assemelham a colchas de retalhos compostas pela justaposição de diversas abordagens e que parecem ter surgido por obra do acaso ou por tentativa e erro. Nesses casos, justificar a motivação de tais pesquisas torna-se um pandemônio. Pois, as motivações de fato nunca foram pensadas, e agora que boas taxas de acerto foram obtidas é necessário pensar às avessas. Aí, o objetivo da pesquisa passa a ser encontrar uma justificativa que suporte a medida. <e quando tal justificativa não é encontrada? Resposta curta: comece novamente. Resposta longa: discutiremos isso em outro momento>.
Obter resultados muito bons não é ruim. Muito pelo contrário, em especial para a indústria que busca soluções para o mercado sempre ávido por diferenciais que desbanquem a concorrência. Por outro lado, para o crescimento do “conhecimento científico” precisamos de algo mais. Precisamos de premissas que suportem nossas ideias, pois assim, podemos colocar mais um degrau na escada que ajudará outros pesquisadores a galgar na direção da expansão do conhecimento científico.